EPHEMERA DIÁRIO (28 DE MAIO DE 2020): A ARTE DA CAPA

Uma das recompensas de andar a reoganizar os livros que entram para a biblioteca do ARQUIVO EPHEMERA é encontrar o mundo das capas de edições populares dos anos 20 a 50 do século XX. São uma festa de imaginação, bom desenho, e eficazes  para levar os potenciais leitores a comprarem estas edições. São, na maioria, pequenos folhetos e brochuras, de colecções que compreendem centenas de exemplares distintos. Eram um negócio e muito escritores e jornalistas de nomeada obtinham aí algum rendimento. O mesmo para os ilustradores das capas de uma geração de artistas que encontrava nestes trabalhos, assim como nas capas de revistas e de partituras um modo de vida que os tirava da penúria. Stuart Carvalhais era o mais conhecido (algumas das capas que reproduzimos são dele), e tinha bastante trabalho. Mas existe no ARQUIVO o diário de um deles, Rudy, que mostra as condições de quase miséria em que trabalhavam. Com a mudança dos padrões do gosto e também com a mudança do mercado das publicações populares, as capas declinaram e esta festa para os olhos diminuiu bastante. Na verdade, ela dependia também de um clima de liberdade que o jornalismo (de onde vem muitos dos autores) mantinha nos anos finais da I República. Depois tudo ficou muito mais patrulhado.  A patrulha começou no dia de hoje de 1926, que iniciou 48 anos de falta de liberdade. Má data.

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