ARQUIVO DE CONCEIÇÃO MONTEIRO – PAPÉIS DO PSD NOS TEMPOS DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO (1974-1980)

(Informação preliminar)

Aspectos do arquivo na sua localização original.

Por doação de Conceição Monteiro entrou no ARQUIVO / BIBLIOTECA o seu arquivo pessoal contendo documentos fundamentais sobre a história da democracia portuguesa, do PSD, e dos governos da AD, centrados na figura de Francisco Sá Carneiro. Conceição Monteiro, uma personalidade fundamental da história do PSD, quer como secretária pessoal de Sá Carneiro, militante, dirigente partidária e deputada, acompanhou de perto todo o processo de fundação do partido e os anos difíceis da sua implantação e afirmação na vida política nacional. Nesse contexto de dificuldades, instabilidade e risco, Francisco Sá Carneiro confiou a Conceição Monteiro muito do seu próprio arquivo pessoal, que esta organizou e classificou. O arquivo doado representa cerca de 12 metros lineares de documentação, quase toda organizada em pastas de arquivo e em pastas por assunto, havendo apenas uma muito pequena parte que se encontra dispersa.

Pude apenas fazer uma primeira observação preliminar sobre este arquivo e não tenho a mais pequena dúvida sobre a sua importância para a história contemporânea, tanto mais que o arquivo do próprio PSD das suas primeiras décadas se encontra num estado lastimável de desorganização e abandono. No tempo em que foi secretário-geral Falcão e Cunha, e na iminência da mudança de sede da Rua Buenos Aires para a Rua de S. Caetano, este pediu-me para fazer uma avaliação do arquivo do partido. O arquivo, se assim se poderia chamar ao amontoado de papéis existente,  encontrava-se já num estado de abandono na R. Buenos Aires, literalmente empilhado onde havia espaço e nalguns casos misturado com documentação dos Institutos ligados ao PSD.  Muito estava deteriorado. Fiz uma espécie de inventário e fotografei as estantes que continham materiais relativos a determinadas áreas de actuação partidária, que se encontravam ainda em salas dedicadas, como por exemplo, a actividade na emigração. Mas a urgência da mudança implicou o seu envio em bruto para um armazém onde desconheço se ainda se encontra.

Falei a quase todos os líderes do PSD mais recentes sobre a necessidade de salvar e tratar o arquivo, para permitir a investigação académica, mas ninguém mostrou especial interesse. No entretanto, perdeu-se também muita da informação existente no arquivo de recortes e muita desapareceu igualmente quando o sistema informático dedicado do partido (Wang) se tornou obsoleto. Milhares de horas de esforço e trabalho foram por água abaixo, sem ninguém verdadeiramente se preocupar com isso. Penso que este estado de coisas foi importante para a decisão de Conceição Monteiro em fazer esta doação. O meu compromisso é o de sempre: conservar, classificar, divulgar na internet, e permitir, nas condições do meu tempo e saber  e nos circunstancialismos de um arquivo privado, torná-lo acessível aos investigadores.

Em breve darei nota do seu inventário e de alguns aspectos do seu conteúdo, mas por uma primeira observação por amostragem, não tenho dúvidas sobre a sua enorme importância histórica, acentuada pelo elevado número de documentação original e única, cartas, relatórios dactilografados, manuscritos, notas pessoais, etc.

Agradeço pois publicamente a  Conceição Monteiro a sua confiança e o importante arquivo que me ofereceu.

1 Comment

  1. É na realidade notável a sua forma de se devotar às causas, tragam-lhe, ou não (como é o caso), protagonismo mediático.Parabéns.

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