NOTA:
“Interessante, e faz todo o sentido que tenha vindo precisamente de Viana, terra de marinheiros! É um número da revista (então mensal) Ute och Hemma – Tidning för svenskt sjöfolk, literalmente “fora e em casa” (ou seja, “No Mar e em Terra”) – Revista dos marinheiros suecos, publicada pela Pastoral dos marinheiros (que depois passou a ser a Pastoral no estrangeiro) da Igreja Sueca. Começou a ser publicada em 1928 (este exemplar, de 1957, indica que é do 30.º ano). Segundo notas dos catálogos das bibliotecas, ainda é publicada (5 números/ano) mas passou sucessivamente a ser um órgão da Pastoral no estrangeiro, e desde 2007 é um órgão de comunicação sobretudo interna.
A Suécia (e também a Dinamarca e a Noruega), como “países de marinheiros”, tinham “igrejas de marinheiros” espalhadas pelo portos do mundo. Numa altura (diria até aos anos 70) em que os navios demoravam vários dias a carregar e a descarregar mercadorias nos portos, estas igrejas eram um ponto de encontro, de apoio (tanto religioso como prático), e de contacto com a Suécia, onde os marinheiros podiam, entre outras coisas, ler a “Ute och Hemma”. Durante a guerra publicavam-se, por exemplo, pedidos de informações sobre marinheiros de que a família não tinha notícias.
À medida que a carga e descarga dos navios se automatizou as paragens nos portos foram ficando cada vez mais curtas e as igrejas de marinheiros foram perdendo a sua função inicial (obviamente a tecnologia também facilitou os contactos). Em contrapartida, os suecos viajam muitíssimo mais hoje em dia do que há 40 anos e é frequente estudar ou trabalhar no estrangeiro. Passaram a ser pontos de encontro de suecos no estrangeiro (mesmo que não sejam particularmente religiosos), e a Pastoral dos marinheiros passou a ser Pastoral no estrangeiro. Há muita gente que acha giro ir casar-se à igreja sueca de Nova Iorque… Muitas das igrejas são “igrejas escandinavas”, e reúnem suecos, noruegueses e dinamarqueses. Algumas localizações tradicionais em portos fecharam, e foram abrindo “igrejas de turistas” nos destinos de férias mais frequentes.
Mesmo aqui em Gotemburgo há uma igreja de marinheiros que continua ativa, e o pastor visita os navios atracados. Na marinha mercante internacional a tripulação tem muitas vezes uma percentagem considerável de filipinos que, apesar de católicos, gostam de receber a visita (e missa) de um “padre” cristão, ainda que protestante…
Informação sumária em inglês: https://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_Sweden_Abroad
Referência da biblioteca do Museu da História da Marinha (Estocolmo) https://maritima.mikromarc.se/mikromarc3/detail.aspx?Unit=6465&db=maritima&Id=42593&SW=3430243&SC=FT&LB=&MT=0&SU=6475&DG=0&ST=Normal&Browse=1&P=1
(Madalena Ferreira Åhman)
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