Sosseguem: este livro entrou no ARQUIVO EPHEMERA já assim, não foi comido lá. Embora nem tudo seja ideal, o controlo da temperatura e da humidade diminui o risco de haver infestações de bibliófagos. Agora, que toda a gente usa metáforas sobre a guerra, esta é uma guerra que levamos muito a sério. Mas estão sempre a entrar novas ofertas e há livros e papéis em quarentena e outros, com muita pena, deitados fora em nome da saúde colectiva. É a vida. Mas estes insectos, que nas piadas de bibliotecários são referidos como “grandes leitores”, porque lêem mais que nós, sabem muito bem o que querem. Não vão ao catálogo, mas comem com discernimento. Este livro, entrado há cerca de uma semana, vinha assim: comido de tal maneira que os contornos da figura da capa foram recortados com precisão. Claro que há uns bibliófagos pobres ou anarquistas que comem tudo por todo o lado, mas outros foram ao prato principal, a figura feminina. Uns comem pão, quando há, e outros brioche. Não há razão para uns bibliófagos não terem a sua Maria Antonieta e para outros não cantarem o Ça Ira.
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