ARQUIVO – MILITARIA – GUERRA COLONIAL NA REGIÃO DE CARMONA – UIGE (1961-1962)

 

Entrou no ARQUIVO, por aquisição, um conjunto de pastas com abundante documentação sobre a guerra colonial na região de Carmona no Uige (1961-1962), provavelmente com origem num espólio dum militar o Major Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas, de que já haviam outros materiais arquivados (ver síntese de Joaquim Matos, Espólio – Raul Alberto Soares da Costa e de Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas .) O Major Freitas teve funções de comando no Batalhão de Caçadores nº 3 na época a que se refere esta documentação.

As pastas são as seguintes:

  • pasta sem título com documentos do Batalhão de Caçadores nº 3 (1961-1962);
  • pasta sem título com documentos do Batalhão de Caçadores nº 3, incluindo vários relatos manuscritos em primeira mão de operações militares (1961-1962):
  • pasta intitulada Regimento de Infantaria nº 1 / RI 1/ CIE / 2ª ER/64; 3ª ER/64;
  • pasta com documentos diversos com relevo para relatórios da Acção Psico-Social;
  • pasta 3º CIE de 1964;
  • pasta com listagem de assinantes do Estandarte;
  • vários documentos avulsos.

A importância destes documentos para o estudo da história da guerra colonial é muito relevante. Eles cobrem o período imediatamente a seguir aos massacres de Março de 1961 e fornecem dados sobre as operações militares realizadas numa situação de grande instabilidade política e militar. Para além disso reflectem as complexas relações entre as chefiass militares locais entre si e com a admnistração civil, assim como com os grupos informais civis criados em resposta aos ataques da UPA. Na documentação mostra-se a díficil situação da população negra, a disrupção da economia das fazendas e dos pequenos agricultores indigenas sujeitos, como refere um relatório, ao “roubo” sistemástico por parte dos fazendeiros. Igualmente é muito interessante a documentaç.ão sobre o papel da organização NTO-BAKO, uma organização de bacongos que colaborava com as autoridades portuguesas.

[Os comerciantes] dirigem a sua actividade para “roubar” o máxiumo no mínimo período de tempo”

(…) quanto às “violências sexuais” sobre raparigas nativas julgo necessário procurar ver o problema de duas maneiras: 1º se por “violencias sexuais”  se entende manter relações sexuais com raparigas (menores) nativas, quero crer que a acusação é verdadeira, pois isso dá-se certamente em toda a Angola; 2º Se por “violências sexuais” se entende obrigar violentamente, por coação, as raparigas nativas a ter relações com as tropas, não me consta que isso seja verdade”.

 

Procedimentos das tropas para com a população negra.

“As viaturas em que saimos não são aconselháveis já pela pouca segurança que dão ao pessoal, já pelo sewu fraco andamento.”

 

Papel do NTO-BAKO.

Panfletos dirigidos aos soldados portugueses.

 

Panfletos de acção psicológica.

 

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