Iniciou-se o trabalho de organização da correspondência política de Vítor Crespo que se encontra dispersa em várias pastas cobrindo toda a sua vida pública. Encontrou-se de imediato um conjunto de cartas muito relevantes, tendo sido transcritas já várias. Uma delas foi escrita por Adelino Amaro da Costa (então Ministro da Defesa Nacional) a Vítor Crespo, Ministro da Educação, pertencendo ambos ao governo da AD.
(Leitura e transcrição de Joaquim Matos.)
(Carta de Adelino Amaro da Costa (Ministro da Defesa Nacional)
Estoril – 04.04.1980:
Meu caro Vítor Crespo e Amigo:
Duas notas mais:
O problema do ensino superior é, no plano estrutural, o mais delicado, na minha opinião. Por mim, ser favorável a que os estabelecimentos de ensino superior não universitário possam ou não dar graus de bacharel. Os Politécnicos e os I. Artísticos deviam ser centros ágeis com cursos de diversa natureza pós-secundária. Julgo que essa é a solução que melhor conviria ao País.
Por outro lado, a generalização dos mestrados e a redução do nº de anos da licenciatura deverá levar a pensar-se na equivalência de numerosas licenciaturas, actuais ou passadas, a mestrados. Uma situação poderia ser a de fazer equivaler a “mestres” os licenciados com cursos de duração mínima de 5 anos, acrescidos de defesa de tese, ou de 6º ano, ou de estágio com relatório, etç.
A segunda nota final diz respeito a “obras de forma” que talvez fossem de ponderar no texto, com recurso a linguista emérito. Não o sou, mas julgo, por exemplo, que expressões como “liderança” e outras não foram ainda absorvidas pela Academia…
Certo que interpretará nesta carta o meu sincero propósito de colaboração e lealdade, de par com o meu apreço pelo seu trabalho, e esclarecendo que deixei de lado, por ora, aquilo que mais em pormenor pode interessar directamente às Forças Armadas – o que a seu tempo será considerado – subscrevo-me com estima e um forte abraço, seu
Atº e Admºr
Adelino Amaro da Costa
Seja o primeiro a comentar