“O Núcleo do Tempo do Ephemera é fisicamente vizinho do Núcleo Desporto do maior arquivo privado do país. E a vizinhança é muito boa… Quando um encontra material destinado ao outro, avisa… Desta vez, o milanês Euprémio Scarpa, responsável pelo segundo, fez-nos chegar uma obra que, aparentemente, diria respeito à sua área.
Mas não… Prática da Cronometragem, do francês Robert Mazer-Sencier, editado pela Pórtico (sem data) diz respeito à contagem de tempos, mas do ponto de vista económico e industrial. A obra, com capa de Licínio de Melo, ostenta um cronómetro Heuer. E vai ficar no Núcleo do Tempo do Ephemera, embora pudesse também ser arrumado na área de Economia.
A língua portuguesa é muito pobre em termos relacionados com o Tempo – desde logo, só tem uma palavra para designar tempo meteorológico e tempo cronológico (em inglês, respectivamente, “weather” e “time”). Tem apenas uma palavra – relógio – para designar exemplares de torre a exemplares de pulso (em inglês, “clock” e “watch”, respectivamente).
Tudo isto para chegar ao termo “cronómetro”. Ele pode indicar dois tipos de marcadores de tempo – relógios ultra-precisos, que passaram testes de cronometria; ou relógios que não dão horas nem minutos, apenas medem intervalos de tempo (em inglês, “stop watch”). Para aumentar a confusão, entra em cena o cronógrafo (medidor de tempos intermédios, que também dá horas). Muitas vezes, em português, designam-se incorrectamente os cronógrafos como cronómetros. Nem todos os cronógrafos têm certificado de cronometria e, como vemos no exemplar da capa, há cronómetros que não são cronógrafos.
Quanto a esse exemplar, é accionado pela coroa às 12 horas, parado pela mesma coroa, e reposicionado a zeros pelo botão às 13 horas. Tem calibre mecânico de carga manual e a corda é dada pela coroa.
Para complicar as coisas, tem uma escala decimal de tempo, quando a escala normal é sexagesimal…”
Mais, no blogue Estação Cronográfica.
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