JOSÉ MANUEL DA SILVEIRA LOPES – DESENHOS TÉCNICOS DOS CAMINHOS DE FERRO (CP)

 

O presente conjunto de desenhos técnicos é oriundo da “sala de desenho” da estrutura da CP, Caminhos de Ferro Portugueses, dedicada à gestão dos processos de aquisição e manutenção de material circulante e em especial do material de tração.

Os desenhos, alguns dos quais estão datados de 1921, 1922 e 1923, destinavam-se a reproduzir a duas dimensões as peças constitutivas das locomotivas a vapor estão ao serviço da empresa. O desenho constituía o suporte dos processos de manufatura, ou correção, de cada peça ou conjunto. Ao tempo as locomotivas eram classificadas em “séries” que correspondiam a conjuntos de locomotivas pertencentes a modelos relativamente estandardizados. O desenho técnico das diversas peças ou conjuntos era portanto classificado por referência a “séries” de material.

Muitos dos desenhos estão rubricados pelo seu executante e legendados em francês, indicando tratar-se, talvez, de cópias de manuais escritos na língua do país de onde eram oriundos os diversos modelos. Na época muitas das peças ou conjuntos mantinham na gíria ferroviária designações em francês, refletindo a dependência tecnológica do domínio.

Trata-se de desenhos de grande rigor e cuidado técnico. Esse rigor impunha-se pela sua utilidade prática – servir de base à manufatura ou manuenção das peças em questão, processo este que também não admitia inexatidões.

A maioria dos desenhos tem como suporte cambraia (muito fina) gomada, provavelmente por não ser ainda conhecido ou generalizado o uso de “papel vegetal”. Contudo, um número reduzido de desenhos (já) foi executado num papel do tipo “vegetal”. Aquele tipo de suporte, a cambraia, impunha um grande rigor de execução pois não admitia (cremos) emendas.

Com o desaparecimento progressivo da tração a vapor os desenhos – e “folhas” em branco – foram perdendo utilidade e acabaram por dispersar-se, indo algum deles parar às mãos de trabalhadores da referia área funcional, como é caso do conjunto agora entregue à Ephemera. De notar que removida a goma é possível dispor de uma cambraia de grande perfeição e finura e os desenhos desaparecem ao fim de algum tempo de infusão.

José Manuel da Silveira Lopes

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