Há muita coisa que se pode e deve dizer de José Pinho. A seu tempo se dirá. Mas agora, a seguir à sua morte, basta dizer que José Pinho era um homem que fazia a diferença. Na cacofonia dos quinze minutos de fama que enche os suplementos literários, as redes sociais, os “influenciadores”, os mil e um patetas inúteis da nossa multidão de celebridades “culturais” que tem a profissão do subsídio, José Pinho fazia não apenas a diferença, fazia toda a diferença. Porque fazia e porque fazia com um genuíno impulso pelas coisas que gostava, a começar pelos livros.
O Arquivo/Biblioteca Ephemera deve-lhe muito. Foi nosso amigo, nosso parceiro e com ele fizemos muitas coisas, menos do que ele e nós certamente desejavamos. Foi por ele que tivemos e mantemos um espaço na Livraria Ler Devagar, foi por ele que participamos no Forum de Óbidos e em Lisboa, foi por ele que realizamos várias iniciativas nas livrarias Ler Devagar e na Férin, foi por ele que conversamos sobre os seus muitos projectos para o Bairro Alto, foi para ele que lhe demos um último abraço, quando já muito debilitado mas com enorme coragem, recebeu a medalha atribuída pela municipio de Lisboa.
Se existir Paraíso, ele lá estará a abrir livrarias para os homens justos e os injustos perdoados, lerem.
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