O trabalho do ARQUIVO EPHEMERA é uma permanente descoberta, uma sucessão de surpresas, porque só quando se abre um espólio é que se percebe o que lá está dentro. O nome do seu autor / possuidor original muitas vezes não chega para se antever o conteúdo. “Abrir” é aqui um eufemismo, porque não se trata apenas de livros (muitas vezes anotados ou com notas manuscritas, imagens, folhas secas, mensagens, etc. dentro), de manuscritos e dactiloscritos, de imagens, ou de objectos com história. Há dois tipos de materiais que, pela escassez dos nossos recursos, são muitas vezes deixados para depois, como é o caso de negativos, diapositivos, gravações audio e video, filmes em vários formatos. E procede-se por amostragem, para se perceber o valor documental do que lá se encontra. E por várias vezes, a supresa é grande.
É o caso de Euclides Goulart da Costa, cujo espólio foi recuperado de várias origens, por oferta e aquisição, e que já deu origem a várias publicações no Ephemera. Já nos tinhamos apercebido do valor da colecção de fotografias reveladas, mas não tinhamos ainda feito a habitual amostragem dos negativos, em película e em vidro. Foi José Bio, nosso amigo e voluntário, que iniciou esse trabalho e deparou-se com uma fabulosa, e o adjectivo não é usado em vão, colecção de imagens fotográficas tiradas desde a década de 10 do século XX, cuja temática inclui a vida familiar nos Açores, no Faial e na cidade da Horta, e as viagens de Euclides pelos países por onde passou na sua carreira de diplomata. Muitas das fotografias estão indexadas e datadas, pelo que o valor documental do espólio ainda fica mais valorizado.
José Bio começou o trabalho de limpeza, recuperação, e melhoria da qualidade das imagens, usando tecnologias de ponta, incluindo AI, e os resultados reforçam a nossa convicção da qualidade da colecção, que é material para exposições e publicações. Acresce a tudo isto, que apenas uma infíma quantidade do conjunto dos negativos existente, foi processada, pelo que as surpesas vão-se tornar a regra.
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