Por volta 1982 ou 1983, quando estava a finalizar o meu livro sobre as lutas sociais nos campos do Sul de Portugal, encontrei num farrapeiro de Évora um pacote de papéis que me pareceram interessantes. Estavam num saco de pano e comprei-os praticamente ao peso. Descobri depois que se tratava dos restos do arquivo de uma casa agrícola, a Herdade do Zambujo, em S. Pedro da Gafanhoeira, Arraiolos. A assinatura presente na maioria dos documentos era a de José Maria de Brito Rosado, proprietário da herdade nos anos 30-40, embora haja documentos mais antigos assinados por outros. O grosso dos papéis é sobre a gestão da propriedade, recibos, contabilidade, incluindo listas de salários, produções por unidade, seguros e outros documentos legais. Muitos dizem respeito à organização corporativa da lavoura e à Campanha do Trigo, ao papel dos lavradores no financiamento da imprensa “em defesa da agricultura”, assim como aos problemas de uma casa agrícola na época (por exemplo, a necessidade de um veterinário municipal). Existe alguma correspondência e um grupo de documentos do século XIX sobre a vila de Arraiolos e a sua população, incluindo listas de trabalhadores, “viúvos e viúvas”, e outros de interesse para a história local.
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Edital da venda de herdades pela Junta de Crédito Público em 1838, que inclui a Zambujo, com notas manuscritas sobre o preço da compra.
Rol das Soldadas dos Moços para o Anno de 1876 a 1877.
Relação dos viúvos… Arroiolos (1886).
Documentos com interesse para o estudo da economia agrária alentejana. José Maria de Bito Rosado foi um importante lavrador de Arraiolos, vila onde ocupou também o cargo de Vereador da Câmara. Era filho único de Joaquim António Rosado, também ele abastado lavrador na Herdade do Zambujo. Morreu sem deixar descendentes e foi herdeiro um primo, Francisco Calhau, também ele um conceituado lavrador local.